'Tempos de lembrar o que foi escolhido para ser lembrado'
Em novembro de 2012 o Museu Nacional de Imigração e Colonização comemora 50 anos de atuação. Embora tenha sido legalmente criado em 1957 e aberto ao público em dezembro de 1961, foi em novembro de 1962 que o Museu Nacional de Imigração e Colonização organizou sua primeira exposição temporária.
Ao comemorarmos os 50 anos de atividades do Museu Nacional de Imigração e Colonização (Mnic) estamos celebrando os esforços para que esta instituição fosse criada; estamos comemorando os investimentos para que seu acervo fosse composto; para que ele pudesse ser tratado como referência de um passado que escapa a suposta condição de estar preso ao seu tempo. Celebramos as memórias daqueles que se reconhecem dentro do museu, as memórias dos moradores desta casa, enquanto ela ainda servia como sede administrativa do “Domínio Dona Francisca”, as histórias e memórias de cada trabalhador ou trabalhadora que fizeram possível este museu.
Comemorar, do latim commemorare, significa trazer à memória, lembrar. Para o Museu Nacional de Imigração e Colonização, esta comemoração relaciona a história da própria instituição, do local em que foi instalada e das ações para fazê-la possível. A comemoração provoca a recordação, evoca a lembrança, estimula o trabalho da memória, tem por finalidade lembrar algo que é individual ou coletivamente relevante. A comemoração está relacionada ao campo da memória voluntária, aquela em que se convoca uma lembrança, que nesta ocasião são os 50 anos de exposições abertas ao público.
Ao iniciar a composição do acervo museológico, um grupo de voluntários organizados para este fim inicia uma seleta escolha daquilo que deve ou não compor o acervo do Mnic. Este grupo não opera apenas na seleção, mas nas buscas, negociações e manutenção deste acervo. Ao agregar objetos doados e adquiridos ao acervo do Mnic, este grupo age também na eleição conceitual daquilo que este museu possibilita ao organizar suas exposições e deixá-las em contato com o público visitante.
Trata-se de escolher, selecionar e depurar os artefatos que dialogaram durante todo este período com a missão do museu, conforme consta no decreto da lei de criação*. Os conceitos trazidos pelas exposições transbordam esta missão, percorrem os caminhos da etnicidade, do trabalho, da industrialização e do gênero. E recentemente agrega-se a esses conceitos os saberes e fazeres, elementos do patrimônio imaterial que partem da materialidade oferecida pelo acervo do MNIC, contrastando e justapondo-se ao que estava posto.
Solenizar estes 50 anos significa convocar àqueles que, diretamente ou indiretamente, estão envolvidos com o Museu Nacional de Imigração e Colonização, àqueles que criaram vínculos afetivos, àqueles que trabalharam ou trabalham nesta instituição, ao público visitante e ao poder público para pensar e repensar esta instituição, pois sempre é tempo de lembrar...
Na ocasião da comemoração dos 50 anos de exposições abertas ao público, o Museu Nacional de Imigração e Colonização convida a todos que participaram dessa trajetória para participar da nossa programação.
*Decreto Lei nº. 3.188, 02/07/1957, Art. 10 e Art.20. A missão do Museu destinava-se a recolher artefatos culturais, documentações e publicações relacionadas ao processo histórico da imigração no sul do País, à produção de estudos sociológicos, históricos, etnográficos e etnológicos, a elaboração de exposições e divulgação.
ELAINE CRISTINA MACHADO, Educadora do Museu.
Fonte: Jornal A Notícia